
26 de novembro de 1971, Rio de Janeiro.
Diretor teatral e escritor.
Verbetes
Procedimentos aprendidos na estação do Engenho de Dentro Como a viagem do centro de Santa Cruz até o centro do Rio se tornou por diversas razões cotidiana, comecei a criar procedimentos que me fizessem esquecer como era longa [...]
Sexta-feira à noite era noite. Depois de uma semana de trabalho, quando tinha emprego, ou de angústia e tédio, quando não tinha nada o que fazer, era imprevisível o meu itinerário. Punks no Méier, shows darks em Santa Cruz, baile funk no Cezarão, conhaque barato nos botecos da Cruz Vermelha, Angu do Gomes na madruga da Praça XV ou chope com Steinhegger no Amarelinho da Cinelândia. O importante era achar um lugar ou uma bebida barata, que garantisse baganas de pensamento noite adentro. Sexta à noite tinha que valer a pena, pois sábado era dia de missa.
Na Avenida Brasil, voltando em pé para o Cezarão num 388 lotado, essas luzes e o cheiro da fábrica de sabão no cruzamento com a Linha Vermelha embalam os meus pensamentos. É só encostar a cabeça no braço pendurado e, mesmo cansado, me permitir a experiência das cores das luzes e do odor do sabão e dos canos de descarga (p.50, FAUSTINI, Marcus)
Sábados de feira e sonho na Maré Aos sábados, a passarela 9 da Avenida Brasil ganha uma nova geografia humana. A pressa e o improviso do mundo do trabalho carioca semanal que a Maré ajuda a sustentar é substituída por bicicletas guiadas com orgulho, motos que transportam sorrisos, evangélicos engravatados seguindo a seta de sua missão, adolescentes em direção aos cursos de sonhos de sábado e sacolas de legumes e frutas em mãos firmes. Na descida da passarela, a feira da Teixeira recebe o transeunte com sons, cores, cheiros e sabores. Os DVDs atualizam os gostos de rockeiros, funqueiros, lambadeiros, pagodeiros e moleques fissurados em novos jogos. Desde que comecei a acompanhar meu avô, que vendia sua “garapa de maracujá”, visitei feiras pela cidade. Na Maré, a feira se mistura com as lojas e vielas que continuam os sons e cores de sábado. Nos salões, cabelos e unhas ensaiam movimentos para o baile. Numa pequena loja você encontra a Galega e seu filho servindo uma carne de sol frita que gosto de comer pensando em meu avô (p.93, FAUSTINI, Marcus).
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